Matera
A cidade bíblica das cavernas!
Matera
Nosso destino, após saírmos da Gruta Zinzulusa foi Santa Maria di Leuca, pois queríamos visitar esse ponto extremo no sul da Itália.
Depois de visitarmos esse vilarejo que fica bem na ponta do "salto da bota", onde o mar Mediterrâneo faz a junção dos mares Adriático e Jônico, percorremos, aproximadamente, 250 km até chegarmos em Matera, uma das cidades mais antigas do mundo!
Conhecida como a cidade dos Sassi, ou seja, a Cidade das Pedras, Matera já teve seu apogeu, seu declínio e, atualmente, ressurgiu como uma das cidades mais fascinantes da Itália e, por que não dizer, do mundo!
O apogeu foi no início do século IX, quando era uma próspera cidade rural e chegou a ser a capital da região da Basilicata. No entanto, seu declínio começou quando a cidade se tornou um símbolo de pobreza e fonte de vergonha para a Itália.
As condições de vida nas cavernas ficaram tão críticas por causa de inúmeros problemas, entre eles de doenças, que não restou outra alternativa a não ser a autorização para destruição dos Sassi e a remoção de quase 16 mil pessoas para outras casas, na parte nova da cidade.
Já o ressurgimento começou entre os anos 70 e 90, quando jovens, artistas e empresários reformaram as antigas habitações da parte velha da cidade e voltaram a viver nos Sassi.
No entanto, foi a partir de 93, quando os Sassi foram considerados Patrimônio da Humanidade pela Unesco que a cidade ficou conhecida no mundo todo e começou a ser visitada, anualmente, por milhares de turistas.
Quando chegamos em Matera, como a sinalização das ruas não é muito clara, após entrarmos na cidade, quando percebemos, já estávamos, praticamente, com o batimóvel dentro do centro histórico da cidade.
Mesmo não tendo placas indicativas, como as ruas começaram a ficar estreitas demais, percebemos que se tratava de uma área onde era proibido o trânsito de veículos.
Assim, após obtermos informações, estacionamos nosso motorhome e retornamos, a pé, em direção ao centro.
Nosso passeio começou pelo centro histórico, onde fica a Civita e o Piano. Após, fomos visitar o Sasso Caveoso e o Sasso Barisano. Eles são os famosos Sassi (plural da palavra Sasso).
São os antigos bairros dessa enigmática cidade, toda escavada em pedras, à beira de um despenhadeiro. É por isso que, quando se fala sobre Matera, as primeiras referências que ouvimos são sobre os Sassi.
Na Civita, o primeiro local que visitamos foi a Piazza Vittorio (Praça Vitório), a maior e a mais importante da cidade, em cujo centro existe uma enorme cisterna chamada de Palombaro Lungo.
Construída em 1846 como reserva de água para os habitantes do Sasso Caveoso, ela só foi descoberta em 1991, quando a praça foi reformada.
Percorremos mais de 15 metros em direção ao centro da Terra, até chegarmos no fundo da cisterna, cuja capacidade de armazenamento é de, aproximadamente, 5 mil metros cúbicos de água.
Mas a descida compensou, pois o interior da cisterna, embora não muito claro, é realmente muito bonito!
Matera também é conhecida como a segunda Belém. Na verdade, a impressão que temos aqui é de estarmos visitando não só Belém, mas outras cidades bíblicas, como Jerusalém e a Palestina, por exemplo.
É claro que nós ainda não tivemos a oportunidade de visitar nenhuma das três citadas, mas, pelas fotos, a semelhança é muito grande.
Afinal de contas, não é à toa que aqui em Matera, por causa das belíssimas paisagens, já foram gravados inúmeros filmes bíblicos, entre eles:
A Paixão de Cristo, de Mel Gibson, O Evangelho Segundo São Mateus, de Paolo Pasoni, Ben-Hur, de Timur Bekmambetov, Maria Madelena, de Abel Ferrara, O Rei David, de Bruce Beresford e o Jovem Messias, de Cyrus Nowrasteh.
Outro ponto de destaque em Matera são suas igrejas Rupestres, ou seja, igrejas monolíticas rupestres esculpidas na rocha. Elas são muito interessantes, pois representam fases da história humana.
São lugares que testemunharam a passagem evolutiva do homem, da era pré-histórica ao cristianismo.
Uma das mais lindas igrejas-cavernas rupestres é a Dell'Idris Madonna (igreja de Santa Maria de Idris), uma mistura de construções e escavações na rocha, que fica dentro do esporão rochoso de Monterrone, no Sasso Caveoso.
Lá, do alto, a visão é fantástica e oferece um panorama único sobre a cidade.
Talvez um dos momentos mágicos de quem visita Matera, seja conhecer uma das famosas casas grutas ou casas de caverna. Nós visitamos a Casa Grotta (Casa de Caverna) di vico Solitario.
Totalmente restaurada e com acompanhamento de audioguia em português, nela, podemos observar in loco como realmente era a vida no interior das cavernas de Matera.
Com móveis e utensílios originais, foi emocionante termos a oportunidade de caminhar dentro de um espaço tão limitado, onde famílias, de até onze pessoas, viviam junto com seus animais de estimação, entre eles, porcos e cavalos.
Ah! Um fato bem recente e que colaborou para divulgar ainda mais o nome de Matera para o mundo todo, foi a sua escolha, neste ano de 2019, como a Capital Europeia da Cultura (juntamente com Plovdiv, na Bulgária).
Criado em 1985, o objetivo deste título é promover o patrimônio histórico, artístico e cultural de cidades pertencentes aos países membros da União Europeia.
Assim, enquanto passeávamos pela cidade, tivemos a oportunidade de conhecermos diversas obras de artistas famosos, entre eles, Salvador Dali, as quais estavam expostas em diversos pontos da cidade.
É impossível não ficar fascinado por Matera, pois, realmente, foi uma das cidades mais lindas e enigmáticas que já visitamos, até agora, nessa nossa volta ao mundo.
Aqui, há muitas coisas para se ver e, embora cansativo, pois temos que subir e descer escadas, explorar ruelas e cavernas, o passeio pelos Sassi realmente foi inesquecível!
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