Bulgária - Sofia

Parte I - Um pouco da história de Sofia

Parte I - Um pouco da história de Sofia

De Bucareste, na Romênia, parti em direção ao sul do país, cruzando por Alexandria e outras pequenas cidades, rumo à Bulgária. Pelo Maps.me eu deveria cruzar a fronteira pela localidade de Bechet. No entanto, como seria via ferry-boat, optei por seguir até Calafat e, lá, entrar pela cidade de Vidin.

De Vidin, a primeira cidade da Bulgária até Sofia, capital do país, são 215 km, no entanto, a partir de Montana, a estrada é totalmente sinuosa, com imensos aclives e declives, pois atravessa parte da Cordilheira dos Bálcãs ou a "Velha Montanha", como é conhecida. Assim, quando cheguei em Sofia, já era final de tarde.  

bulgaria-sofia-estradas-ideal-site.jpgCordilheira dos Balcãs, na Bulgária

No passado, a Bulgária, junto com a Turquia e a Grécia fizeram parte da Trácia. Esta região foi uma das ocupadas pelos tracianos, provavelmente, por causa da existência de água mineral. Lembram de Espártaco (Spartacus, em grego), aquele famoso gladiador? Ele era de origem trácia.

A tribo que a ocupou teria o nome de Serdi e, por isso, um dos primeiros nomes da cidade foi Serdica. Como essa história remonta ao século VII A.C., Sofia é uma das cidades mais antigas da Europa

Desta época, ainda existem alguns sítios arqueológicos, com poucos metros de profundidade, os quais podem ser visitados gratuitamente, a qualquer hora do dia ou da noite. Visitei um deles a céu aberto e um subterrâneo, localizado dentro de uma das estações do metrô.

bulgaria-sofia-escavacoes-site.jpgSítios arqueológicos a céu aberto, em Sofia

 bulgaria-sofia-escavacoes-serdida-site-1.jpgSítio dentro da estação do metrô, em Sofia

Ao lado do primeiro sítio, está a igreja Sveta Petka Samardzhiiska, um pequeno templo construído no século XIV durante o império Otomano. A constatação de sua antiguidade é o fato dela estar localizada abaixo do nível das ruas atuais. 

Reza a lenda que o herói nacional Vassil Levski foi enterrado aqui, depois de ter sido enforcado pelos otomanos. Dentro da igreja há uma placa de bronze que comemora este fato, se bem que ninguém sabe se é verdade e se, realmente, os seus restos ainda estão aqui.

bulgaria-sofia-igreja-de-pedra-site.jpgIgreja de Pedra, em Sofia

Se a região foi invadida pela existência de água mineral, não poderia deixar de visitar os antigos e os atuais locais, onde eram e onde estão situadas as fontes, não é? O lindo prédio onde funcionava as antigas Termas Centrais ou Banhos Públicos Minerais (Tsentralma Banya ou The Central Bath) foi transformado no Museu da Cidade de Sófia.

bulgaria-sofia-museu-da-historia-site-1.jpgPrédio das antigas Termas Centrais, em Sofia

No entanto, ao lado dele, existem várias fontes, nas quais as pessoas, além de beber, aproveitam, também, para encher vários garrafões de água. Segundos os nativos, no inverno, elas são bastante disputadas, principalmente pelos sem-abrigos, que as utilizam para se lavar e se aquecer. 

Eu aproveitei para lavar as mãos e prová-la. Para lavar é ótima, pois é quase quente, mas, para beber, nem tanto, pois tem um sabor um pouco forte. 

bulgaria-sofia-fontes-somente-site.jpgFontes de água mineral, em Sofia

 

bulgaria-sofia-fontes-e-bulgaros-site-1.jpgPessoas enchendo garrafões de água mineral, em Sofia

Um outro local muito interessante de ser visitado é o famoso Quadrado ou Quadra da Tolerância. Nesta área, muito próximos, estão localizados quatro templos de quatro religiões diferentes: uma igreja católica, uma ortodoxa, uma mesquita e uma sinagoga.

Achei interessante não apenas o nome, mas, principalmente a atitude em relação ao próximo, principalmente, nos dias de hoje, em que a tolerância anda em baixa em quase todos os segmentos, inclusive no religioso e no político.

A rotunda ou igreja católica de São Jorge (Sveti Geori) foi construída em meados do século IV, na época do Império Romano. Além de ser a construção mais antiga de Sofia ela é, também, a mais antiga em funcionamento na Europa.

No seu interior, existem pinturas contando a história da religião cristã. Os traços grossos e a pouca variedade de cores dificultam compreender uma arte valiosa como esta, mas o que se sabe é que estão estampados vários profetas.

bulgaria-sofia-museu-arqueologico-site-2.jpgIgreja ou rotunda de São Jorge, em Sofia

bulgaria-sofia-igreja-de-sao-jorge-site.jpgInterior da igreja de São Jorge, em Sofia

O segundo templo é a catedral Sveta Nedelya, uma igreja ortodoxa. Ela é considerada a segunda maior instituição religiosa do mundo, atrás apenas da igreja Católica Romana.

Ela é famosa por conta de um ataque do partido comunista, em 1925, quando tentaram matar o Rei durante o funeral de um general. Uma bomba fez o teto da igreja explodir, matando 150 pessoas, a maioria figuras importantes do governo. Mas o Rei, sobreviveu.

bulgaria-sofia-igreja-st-nedelya-site-1.jpgCatedral ortodoxa de Sveta Nedelya, em Sofia

A mesquita Banya Bashi (Banya Bashi Mosque) é o terceiro templo. Ela é considerada uma das mais antigas mesquitas da Europa e é a única que segue aberta ao culto islâmico. Essa mesquita foi construída em 1576, pelo arquiteto otomano Mimar Sinan, que também construiu a Mesquita Azul, em Istambul, na Turquia.

De longe o que chama a atenção é a beleza da cúpula e a torre pontuda, conhecida como minarete (que tem a função de realizar o chamado para rezar). No entanto, internamente, ela também é muito linda. Para entrar, somente sem sapatos. 

Lá dentro o silêncio é total. A parte interna da cúpula é toda desenhada, com traços finos em azul e vermelho e,  no alto, um enorme lustre dando todo o equilíbrio estético que define esse tipo de centro religioso.

bulgaria-sofia-mesquita-banya-bashi-site-1.jpgMesquita Banya Bashi, em Sofia

bulgaria-sofia-mesquita-interior-site.jpgInterior da mesquita Banya Bashi

O quarto e último templo do "quarteto" é a Sinagoga de Sofia, construída pelos judeus sefarditas, os quais viviam na Península Ibérica, mas que, durante a Inquisição Espanhola tiveram que fugir para diversos países europeus, incluindo a Bulgária.

Na época do holocausto, o Rei Bóris III se recusou a participar do lado dos alemães e, consequentemente, negou-se a entregar os judeus para autoridades nazistas. Com esta belíssima atitude, ele acabou salvando 50 mil vidas. Portanto, a Sinagoga de Sófia é um orgulho para todos os judeus.

bulgaria-sofia-sinagoga-de-sofia-site.jpgSinagoga de Sofia

 

* * * * *