Grécia - Delfos
O centro do Universo!
Delfos
Depois de visitar Meteora e os seus famosos mosteiros suspensos, o meu próximo destino na Grécia foi a cidade de Delfos, distante, aproximadamente, 236 km. Ela fica localizada na ladeira sul do monte Parnaso. Lá, no alto dos seus 2.500 metros de altura, temos uma vista surpreendente do vale de Delfos.
É claro que para chegar até aqui, de motorhome, não foi fácil, pois tive que "enfrentar" inúmeras subidas e descidas, além de uma estrada sinuosa por causa das montanhas. Mas valeu a pena! O Sítio e o Museu Arqueológico localizados onde era a antiga Delfos, são os pontos alto da visita.
O Sítio Arqueológico
De acordo com a Mitologia, a deusa Têmis era responsável pelo oráculo que era guardado pela serpente Píton. Apolo, que havia aprendido a arte da profecia de Pã, filho de Zeus e Húbris, matou a serpente e tomou o oráculo.
Depois de ter sido morta por Apolo ela foi absorvida pelo solo e seu veneno encharcou o local. Acreditava-se que o vapor que subia entre as fendas das rochas, causando visões e alucinações nas musas e sacerdotisas que faziam as previsões do futuro, seria o veneno dela.
Atualmente existe uma explicação científica para os fenômenos que aconteciam em Delfos: os gases "etílicos" emitidos pelas fendas subterrâneas eram causados por uma reação química da água das chuvas com alguns componentes das rochas que compõe o solo desse local.
O templo de Apolo, em estilo dórico, originalmente possuía seis colunas na frente e quinze na lateral, mas foi destruído por um terremoto. Era dentro dele que ficava o famoso "Oráculo de Delfos". Quem assistiu ao filme "300" vai lembrar que Leônidas consultou o oráculo para saber se Esparta deveria lutar ou não contra os persas.
Além de Leônidas, a maioria dos reis e do povo grego acreditava plenamente no oráculo. Por isso Delfos era referenciada por todo o mundo grego como "omphalos", o Centro do Universo.
O templo estava rodeado de várias capelas, chamadas de Tesouros, pois nelas eram guardados os ex-votos (algo semelhante ao que acontece nos santuários das igrejas hoje em dia, quando as pessoas curadas deixam uma muleta ou uma "prótese" de gesso em agradecimento por uma prece alcançada) e as oferendas das cidades-estado gregas, para comemorar as vitórias dedicadas ao deus Apolo ou para agradecer benefícios.
De todos, o mais importante era o Tesouro de Atenas, o único que foi restaurado. Ele foi construído para comemorar a vitória na Batalha da Maratona, aquela em que o soldado Fidípides, segundo a lenda, correu 42 km de Maratona até Atenas para anunciar a vitória grega e, após, anunciá-la com a frase "Alegrai-vos, atenienses, nós vencemos!", caiu morto devido ao esforço.
Na maratona que eu irei participar em Atenas, em novembro, o percurso será exatamente o mesmo feito pelo soldado Fidípides.
Depois de visitar o templo de Apolo e o tesouro de Atenas, subi em direção ao topo da montanha, para conhecer a parte superior do complexo onde estava instalado o Teatro. De lá, se tem uma linda vista panorâmica do vale de Delfos e de todo o santuário. O Teatro possui 35 fileiras de assentos e tinha capacidade para receber até 5 mil espectadores.
Ao lado do Teatro, existem dois monumentos: à esquerda, o Triploide de Plataeans, em homenagem a vitória grega contra os persas e, à direita, o Pedestal da Estátua de Emilius Paulus, em homenagem a um consul romano que também derrotou os persas em 168 a.C.
Bem lá no alto, na parte superior da encosta, estava localizado o Estádio. Construído originalmente no século V a.C., ele sofreu muitas alterações posteriormente. Com capacidade para acolher até 6.500 espectadores, ele possui uma pista de corrida de 177m de comprimento e 25,5m de largura.
Saindo do sítio principal e descendo, aproximadamente, um quilômetro está localizado o santuário ou templo de Atenas Pronaia. Esta estrutura circular atingia 14 metros de diâmetro e tinha um belíssimo friso em alto relevo onde estavam descritas duas histórias mitológicas clássicas: a Centauromaquia e a Batalha das Amazonas.
No entanto, hoje em dia, praticamente tudo está em ruínas, exceto parte do tolos (monumento religioso em forma de círculo).
O Museu
O Museu Arqueológico de Delfos é um dos mais importantes museus da Grécia. Talvez a função principal dele seja fazer com que o turista entenda que a antiga cidade de Delfos era basicamente voltada a homenagear o deus Apolo.
Existem inúmeras salas em seu interior. Uma delas, reservada para antigas oferendas, é chamada de Período Clássico Tardio e Helenístico. Nela, entre dezenas de esculturas, o destaque é a Coluna das Dançarinas.
Esta belíssima obra foi praticamente destruída, mas as partes inferior e superior foram reconstruídas para que o turista idealizasse o quanto era bela.
Na sala do Período Arcaico Inicial existe um par de kouroi representando, possivelmente, Cléobis e Bíton.
Já na sala O Tesouro de Sífnos estão expostos elementos de arquitetura do Tesouro (capela votiva) e da cidade de Sífnos, incluindo a Esfinge de Naxos.
No entanto, para mim, o grande destaque do museu é O Auriga. Esta famosa escultura de bronze original raríssima, datada de 479 a.C., representando um condutor de carruagens é, sem dúvida, um dos tesouros da Grécia Antiga.
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