Lituânia - Vilnius
A simpática capital da Lituânia
Vilnius
A princípio, após sair da Bielorrússia, não estava pensando em "subir" até a Lituânia, pois teria que desviar um pouco o itinerário "original". No entanto, como a distância é de apenas 186 km, decidi visitar este que, junto com a Estônia e a Letônia, compõe os Países Bálticos.
Antes de ingressar na Lituânia, enfrentei uma das mais rigorosas vistorias técnicas de aduanas realizadas até agora, nesta viagem ao redor do mundo. Desta vez, os agentes, durante quase uma hora de inspeção, além de tentar identificar possíveis irregularidades dentro do motor, verificaram, também, as duas pontas do eixo dianteiro do batimóvel. Provavelmente, estes locais sejam utilizados pelos traficantes para transportarem drogas.
Após a fronteira, são menos de 30 km até chegar à Vilnius, a capital do país. Vilnius é bem pequenininha! Aliás, não só ela, o país também! Com 3 milhões de habitantes, a população total da Lituânia é equivalente à do estado do RN, no Brasil.
Após entrar na cidade, no início da tarde, estacionei o motorhome ao lado de uma belíssima igreja. Depois fiquei sabendo que o nome dela é St. Anne's Church (Igreja de Santa Ana). Posteriormente, lendo as informações do guia para turistas, percebi que na verdade são duas igrejas. A segunda, praticamente "colada", chama-se St. Bernardine (Santa Bernardine).
Interessante que, pelo menos para mim, o exterior da primeira, a de Santa Ana, parece ser mais lindo, no entanto, o interior da segunda, a de Santa Bernardine, supera, em beleza, ao da primeira. É claro que tudo isto é muito subjetivo, pois tratam-se de belezas.
No dia seguinte, como tinha estacionado o motorhome no outro lado do rio Neris (que cruza toda a cidade), vim caminhando em direção ao centro, para conhecer os principais pontos turísticos.
Cruzando a ponte, o primeiro local que visitei foi a Gediminas Castle Tower (Torre do Castelo de Gediminas).
Como o teleférico está em manutenção, a única alternativa para quem quer subir até a torre, é ir caminhando. A subida é íngreme, mas a recompensa para quem sobre, vale a pena! Do alto da torre, a visão que temos da cidade é linda!
A torre é a parte restante de um antigo castelo de Vilnius. As primeiras fortificações de madeira foram construídas por Gediminas, Grão-Duque da Lituânia. Dentro dela, existe um museu e, nele, estão expostas, além da maquete do projeto original, armas e materiais iconográficos da época da criação da cidade.
Este prédio que vemos no primeiro plano, é o Palace of the Grand Dukes (Palácio dos Grandes Duques), o qual fica junto com a Cathedral Basílica (Catedral Basílica), exatamente na parte posterior dela.
Embora a parte frontal desta catedral esteja em reforma, mesmo assim, é possível perceber que ela é linda, e não é apenas o seu exterior, o interior, também!
Ah! Assim como em Copenhage, na Dinamarca, existe a "Christiania", aqui também existe uma república independente, denominada de "Uzupis". Como o nome significa "Do outro lado do rio", tive que atravessar um rio chamado Vilna para chegar lá.
Para atravessá-lo é necessário passar por um ponte chamada de "Ponte do Amor de Vilnius". Nela, existem centenas de cadeados pendurados. Na verdade, a república não fica no outro lado do rio, mas, sim, cercada por rios, os quais acabam fazendo uma "fronteira" natural.
Durante séculos, este lugar foi um bairro de judeus, mas, durante o Holocausto, aqueles que não fugiram, acabaram sendo mortos. Assim, no intervalo de tempo entre 1990 até 1997, quando a Lituânia se tornou independente da União Soviética, Uzupis ficou totalmente "largada".
Nesse período, os artistas, literalmente, "pintavam e bordavam". Pintavam as paredes como queriam, faziam esculturas e deixavam por aqui, promoviam encontros musicais, etc. O movimento foi evoluindo, até que, em 1997, Uzupis declarou sua independência!
Na centro da república existe uma escultura, feita em bronze, do arcanjo Gabriel tocando uma trombeta. O monumento simboliza o renascimento e a liberdade artística do leste europeu. Como Uzupis também é conhecida como a “República dos Anjos", a obra virou símbolo deste lugar.
Como eles consideram o local uma "República", possuem vários "símbolos oficiais" para representá-la, entre eles, bandeira, hino, moeda, além, é claro, de terem um presidente. Mas não é só isso, não! No Brasil, eles possuem até uma embaixada e um consulado em São Paulo!
Ah! Um outro símbolo nacional é a Constituição. Em uma das ruas, ela está exposta em placas laminadas, em vários idiomas, exceto o nosso.
No dia seguinte, um dos locais que fui visitar foi o Museum of Occupations and Freedom Fights (Museu das Ocupações e Lutas da Liberdade), cujo nome anterior era Museu das Vítimas do Genocídio, popularmente conhecido como Museu da KGB.
Antes, durante a Segunda Guerra Mundial, aqui neste local funcionou um escritório da Gestapo. Gestapo é um acrônimo, ou seja, a sigla em alemão de Geheime Staatspolizei, que significa "polícia secreta do Estado".
Para entendermos um pouco o que significou este genocídio, temos que lembrar que, durante 50 anos, a União Soviética ocupou a Lituânia. O objetivo? Espalhar o comunismo pelo mundo. Foi um pacto secreto acordado entre a Alemanha, de Hitler e a Rússia, de Stalin.
Assim, de 1940 até há pouco tempo, 1991, uma quantidade imensa de lituanos foram mortos ou foram expulsos de seu país e enviados para a Sibéria. Lembram do nosso post sobre Novosibirsk, na Rússia, em que comentamos sobre o famoso presídio de Tobolsk? Então... era para lá que eles eram enviados!
O ambiente não é dos mais "agradáveis", não. A começar pelo aspecto externo do prédio, em cujas paredes existem inúmeros nomes de lituanos que morreram ou desapareceram, durante este triste período da história.
Um dos locais mais visitados do museu, sem dúvida nenhuma, é o subsolo. Nele, funcionou a prisão da KGB. Para acessá-lo temos que descer por estas escadas. Por elas, já é possível termos uma ideia do que nos espera lá embaixo.
O subsolo é uma verdadeira "sala dos horrores": equipamentos de vigilância, fotos de vítimas, celas, quartos de tortura, quarto de execução e por aí vai...
O ambiente é "sinistro"! Com palavras é difícil relatar o que eu senti ao entrar neste local. Somente visitando-o é que podemos imaginar até onde pode ir a maldade do ser humano!
As portas das celas tinham apenas duas aberturas: uma para colocar a comida para os presos e, outra, com este minúsculo "olho mágico". Acredito que a utilidade dele seria para verificar se os presos ainda estavam vivos ou não!
Viram meu olho? Imaginem o "clima" nesta prisão! Chocante! Uma energia muito negativa!
Ainda bem que esta página da história muito triste para os lituanos, já passou!
* * * * *