Athens Marathon - Grécia - 11/11/2018
Correndo onde tudo começou!
Depois de sair de Delfos, percorri 180 km em direção ao sul do país, até chegar em Atenas, capital da Grécia. Meu principal objetivo na capital grega, além de conhecê-la, é claro, era participar da lendária maratona de Atenas.
Um pouco da história
Com mais de 125 anos de existência desde a primeira maratona da Era Olímpica Moderna, em 1896, seu percurso é o mesmo que foi feito pelo famoso soldado ateniense Pheidíppides (Fídipedes), há mais de 2.500 anos, para anunciar a vitória grega sobre os persas, após a Batalha de Maratona, ocorrida no ano 490 aC.
Não é à toa que o nome do evento é Athens Marathon. The Authentic (Maratona de Atenas. O Autêntico).
Ah! Além de toda essa parte histórica, não podemos esquecer que foi aqui, nas Olímpíadas de 2004, que o maratonista brasileiro Wanderley Cordeiro de Lima, foi atacado por um padre fanático irlandês, quando já estava no km 35, mas, mesmo assim, conseguiu acabar em terceiro lugar e receber a medalha de bronze.
Organização do evento
A organização da maratona é perfeita! Já na retirada do kit, que acontece no Tae Kwon Do Indoor Hall, os participantes recebem um mapa da cidade, contendo todas as informações sobre o evento e um ticket com desconto de 50% para entrar na Acrópole de Atenas, a mais famosa do mundo!
Além disso, recebemos, também, um cartão magnético que deu direito a "passe livre", durante cinco dias, em todos os meios de transporte coletivos de Atenas.
No dia da corrida, a partir das 5 horas da manhã, são disponibilizados inúmeros ônibus partindo de vários pontos da capital grega em direção à cidade de Maratona, distante a 42 km, local da largada da maratona.
Assim, às 6 horas, em ponto, eu já estava na praça Syntagma, pronto para partir, pois, conforme os ônibus lotavam, os motoristas partiam.
Um fato interessante é a largada. Ela é feita em blocos ou "ondas", ou seja, os corredores são reunidos em grupos enormes (creio que cada um, no mínimo, com 800 participantes).
Estes grupos são definidos conforme o melhor tempo que cada atleta conseguiu atingir em alguma maratona, tempo este que teve que ser devidamente comprovado no ato da inscrição.
Assim, a partir das 9 horas, horário da largada, com diferença de poucos minutos, as "ondas" começam a sair, de uma em uma, da primeira até a última. Como o meu melhor tempo em maratona foi em torno de 4 horas, eu larguei na "onda" número 7.
O percurso e a altimetria
Antes da corrida, conversando com alguns atletas que já haviam participado de edições anteriores, eles comentaram que esta era uma das maratonas mais difíceis de se correr, pois, do total de 42 km, vinte deles eram subindo.
Portanto, depois dessa informação, mentalmente, tive que preparar-me (mais ainda), para enfrentar aquela que, talvez, seria uma das maratonas em que eu teria maior dificuldade em concluir.
A largada é dada na principal avenida da cidade de Maratona e, após contornarmos a Marathon Tomb (Tumba de Maratona) e o Memorial da Guerra (em homenagem aos soldados que morreram durante a batalha), partimos em direção à Atenas.
Conforme o gráfico da altimetria da prova (a diferença de níveis no percurso), exposto no mapa acima, percebe-se que os primeiro 10 km são tranquilos, porque o terreno é praticamente plano. No entanto, a partir do km 11 começa o primeiro trecho de uma subida leve, o qual vai, mais ou menos, até o km 16.
Depois vem uma descidinha suave e, a partir daí sim, lá pelo km 18, começa a "subidona" mesmo, que vai até o km 32, já quase em Atenas, passando por Pallini, Glyka Nera e Agia Paraskevi.
A partir do km 32 é só descida. São mais de 10 km, até a entrada triunfal no histórico Panathinaiko Stadium (Estádio Panatenaico), o qual foi construído em 566 a.C. e foi totalmente reformado para a primeira Olimpíada da Era Moderna.
Assim, a informação que recebi sobre a altimetria da prova, de que seriam 20 km só de subida, estava correta, em parte.
Na verdade, entre os quilômetros 15 e 20, existe uma descida que, mesmo sendo pequena, é suave e possibilita dar uma "respirada", antes de encarar, aí sim, o pior trecho da prova que são, na verdade, em torno de 14 quilômetros.
Na subida maior, eu até tentei manter o mesmo ritmo, mas é impossível. A alternativa foi reduzir, mas, sem parar de correr. É claro que muitos participantes acabam caminhando.
A princípio, acredito que a maioria por cansaço mas, olhando por outro ângulo, talvez alguns, por estratégia, para poderem acelerar na descida.
Incentivo e logística
Um ponto importante de se destacar nas maratonas internacionais que eu tive a felicidade de participar, é o incentivo do público. Foi assim em Montevideu, no Uruguai, em Santiago, no Chile, em Tromso, na Noruega e, aqui, não poderia ser diferente.
Desde a saída da cidade de Maratona até Atenas, são milhares de pessoas, em todo o percurso, batendo palmas e gritando Bravo! Bravo! (que é uma expressão de incentivo muito utilizada em toda a Grécia) e, centenas, distribuindo galhos de oliveira ou de louro!
Esta foi a primeira maratona que eu participei na qual um dos patrocinadores oficiais era a Adidas, a famosa empresa esportiva alemã.
Não sei se por este motivo ou não, mas como já citei anteriormente, a organização e a logística da prova são perfeitas, inclusive com shows de música ao vivo e DJs em diversos pontos do percurso.
Quanto à hidratação e reposição, foi excelente: pontos de água e isôtonico a cada 2 km, além, da distribuição de frutas, géis, esponjas com água, barras energéticas e, até, pontos de distribuição de Coca-Cola gelada.
Já dentro do estádio Paratinaiko, a emoção é muito grande em concluir, mesmo cansado, mais uma maratona internacional e ultrapassar a linha de chegada para receber a tão esperada melhada da lendária Maratona de Atenas. O Autêntico!
Nesse momento é impossível não imitar aquele gesto tradicional e, repetido aqui mesmo neste estádio, pelo Wanderley, nas Olimpíadas de 2004: o famoso "aviãozinho", ou seja, cruzar a linha de chegada com os braços em forma de asas!
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