Polônia - Cracóvia

Cracóvia

Saí de Varsóvia quase ao meio-dia rumo ao sul da Polônia, mais precisamente, em direção à Cracóvia, distante 300 km. Como cheguei quase no início da noite, estacionei o batimóvel em um lugar seguro e, antes de dormir, fui ler um pouco a respeito desta cidade.

Cracóvia é a segunda cidade mais populosa do país! Há muito tempo foi, inclusive, a capital da Polônia. Com uma população flutuante de estudantes, por causa de suas faculdades, ela chega a superar um milhão de habitantes durante o período letivo.

Aqui é a sede de uma das mais antigas e prestigiosas universidades da Europa, a Jaguelônica. Por ela, já passaram alguns estudantes famosos, entre eles, Nicolau Copérnico e o Papa João Paulo II.

Comecei meu passeio no dia seguinte. "Peguei" um onibus e fui em direção à Cidade Velha (Old Town), pois, pela leitura da noite anterior, constatei que o Centro Histórico e o Castelo Wawel estão na lista de Patrimônio Mundial da UNESCO. Portanto, muitos pontos turísticos estão localizados naquela área.

Desci na estação da Galeria Krakowska (que, na verdade, é um shopping) e, de lá, fui caminhando até a Praça do Mercado (Rynek Glówny, em polonês). Chegando lá entendi o porquê da cidade ser considerada uma das mais lindas da Europa! 

Um dos motivos é a praça! Ela é considerada a maior praça medieval do continente europeu! O centro dela é dominado pelo salão (sukiennice, em polonês) do mercado medieval, reconstruído em estilo renascentista, e cuja varanda, é decorada com máscaras esculpidas. 

O desenho da praça, em forma de tabuleiro, é um dos destaques da cidade. De cada lado do quadrado, saem três ruas!

Pela rua que eu entrei, no lado direito, inúmeras carruagens e cavalos belíssimos que até parecem cenas de filmes românticos! Os passeios de carruagem são o charme principal, pois dão um toque de cidade "medieval"!

Fila de carruagens, em Cracóvia

À frente, o Mercado Principal e a torre da antiga Prefeitura Municipal (Wieza Ratuszowa, em polonês). Com 75 metros de altura, ela é a única parte conservada da antiga prefeitura, construída no século XIV. Já o mercado, desde sua construção, sempre foi cenário de grandes acontecimentos históricos, além de ser um centro social e político.

O último acontecimento, foi em maio de 1981, quando ocorreu uma demonstração especial, silenciosa, denominada Branca de Março. Foi um protesto espontâneo, após a tentativa de  assassinato do Papa João Paulo II.

Torre da antiga Prefeitura Municipal e Mercado Principal

Outra atração da praça é a Basílica de Santa Maria (Basílica St. Mary), construída originalmente no século XII e reconstruída no século XIV.

Se vocês olharem bem para as torres da basílica, irão perceber que elas são diferentes. Não existe uma explicação exata e, sim, uma lenda para explicar esta diferença. Reza a lenda que dois famosos irmãos arquitetos foram encarregados de construir, cada um, uma das torres. 

Acontece que eles "encararam" a construção como se fosse uma verdadeira competição. Assim, chegou ao ponto do irmão mais velho, ao perceber que a torre do seu irmão estava com uma estrutura mais forte (capaz de se elevar acima da sua), matou-o a punhaladas e, em seguida, jogou-se do alto da edificação.

Torres da Basílica Santa Maria, em Varsóvia

Lendas à parte, continuei meu passeio em direção ao Castelo Wawel, que encontra-se majestoso no topo da colina Wawel, às margens do rio Vístula. Ele é um dos complexos arquitetônicos mais importantes e, também, um símbolo da Polônia.

Construído inicialmente em estilo gótico, era residência dos reis da Polônia quando a Cracóvia ainda era capital do país. Com o passar dos anos, passou por reformas e foi remodelado, ganhando características renascentistas.

Ah! Mas esta é a cidade das lendas, lembram? Então... reza a lenda que, na parte inferior do castelo, encontra-se a caverna na qual o Dragão de Wawel foi morto.

Dentro do castelo, está localizada a Catedral de Wawel (Katedra Wavelsky, em polonês). Ela é um lugar especial para os poloneses e um dos edifícios sagrados mais importantes da Polônia. Com mais de 1.000 anos de história, ela já foi o centro do poder eclesiástico e monárquico do país.

Entrada do Castelo Wawel, em CracóviaCastelo Wawel, visto do alto de uma das suas torres

Muralha lateral do Castelo de Wawel, em Cracóvia

Ao lado do castelo, em frente a uma gruta, encontra-se a estátua do Dragão de Wawel (Smok Wawelski, em polonês), a qual solta fogo pela boca, de cinco em cinco minutos, para a alegria dos visitantes. É claro que também existe uma lenda para este dragão maligno...

Reza a lenda que ele vivia em uma caverna aqui na Colina de Wawel e devorava os cidadãos da cidade. Então o rei fez uma proposta: "Aquele que libertar a cidade do dragão, cavaleiro ou não, casará com a princesa Wanda e terá metade do reino".

Muitos tentaram, mas, ninguém conseguiu. Até que um dia, um humilde sapateiro recheou a pele de um cordeiro com enxofre e colocou na frente da gruta. No outro dia, os moradores ouviram uma explosão!

O dragão devorou o cordeiro e sentiu muita sede. Foi até o rio Vístula, bebeu toda a água do rio e... é claro, explodiu! Assim, os cidadãos de Cracóvia ficaram livres do seu maior pesadelo. E o final da estória? O jovem sapateiro se casou com a princesa e tiveram muitos filhos! 

Dragão de Wawel, em Cracóvia

No dia seguinte, fui em direção ao final da rua Florianska para visitar as muralhas que protegiam a burguesia. Delimitadas por um jardim que rodeia toda a parte histórica da cidade, delas, só restou o Barbacã (Barbakan Krakowski, em polonês), um forte circular, localizado próximo ao portão de São Floriano (St. Florian), por onde desfilavam os exércitos da cidade. 

Barcacã, em Cracóvia

Portão de São Floriano, em Cracóvia

Por fim, não tem como visitar Cracóvia sem falar sobre os judeus, pois, a Polônia, além de aceitá-los, possuía o maior número de judeus da Europa.

Mas mesmo sendo aceitos no país, eles viviam segregados em bairros distantes, nos quais mantinham seus costumes e falavam seu próprio idioma. 

Logo no início da Segunda Guerra, os nazistas construíram aqui em Cracóvia, um gueto no distrito de Podgórze, no bairro denominado Kazimierz, que fica do outro lado do rio Vístula. Aproximadamente, 15 mil judeus foram expulsos de suas casas e passaram a viver confinados neste gueto.

O primeiro local que visitei foi a Praça Bohaterów. Os judeus quando eram levados para os campos de concentração, saiam desta praça. Nela, estão expostas 68 cadeiras vazias, representando os inúmeros objetos que eles tiveram que deixar aqui, e que nunca mais tiveram a chance de voltar para buscá-los.

Cadeiras da Praça Bohaterów

Bem próximo a esta praça, existem fragmentos, ainda conservados, do muro do gueto que existia aqui em Cracóvia.

Fragmentos do muro do gueto, em Cracóvia

Neste bairro, também está localizada uma parte da fábrica de Oskar Schindler (Schindler's Fabryka, em polonês). Transformada em museu, possui uma exposição permanente sobre a invasão nazista.

A vida real deste empresário alemão que salvou a vida de mais de mil judeus, ao empregá-los em suas fábricas durante o período do Holocausto, foi contada no filme A Lista de Schindler (Schindler's List), dirigido por Steven Spielberg.   

Parte da Fábrica de Schindler, em Cracóvia

  * * * * *