Rússia - Kirov

Kirov

Deixamos nosso motorhome estacionado em Moscou e, partimos, de trem, em direção à Kirov. Inicialmente nosso pensamento era realizar, se não toda, pelo menos parte da travessia da lendária Transiberiana, a ferrovia mais longa do mundo, com quase 10 mil km de extensão, que cruza a Rússia até à Ásia.

No caso da Rússia, o maior país em extensão do mundo, podemos considerar a distância de Moscou para Kirov curtíssima... são "apenas" 340 km, no entanto, de trem, essa quilometragem é sinônimo de quase 13 longas horas de viagem. 

Com pontualidade britânica, ou melhor, russa, às 20h05min o trem partiu e, juntos, a Nay e eu.

Nay embarcando em direção à Kirov

Momento do meu embarque

Algumas pessoas quando viajam a primeira vez, logo que entram no trem e, principalmente, no momento em que as portas se fecham para começar a viagem, sentem uma sensação não muito confortável em relação ao pouco espaço existente... e a Nay é uma delas.

Os corredores são superestreitos! É praticamente impossível uma pessoa com peso normal cruzar pela outra sem esbarrar.

Se alguém estiver com sobrepeso, certamente, terá que esperar no início ou no final do corredor.

Lá no fundo, elegantemente vestida - quase no padrão de uma aeromoça, está a "ferromoça". Isso! O nome da profissão delas é esse mesmo!

Cada comissária atende exclusivamente um vagão. No nosso caso, fomos atendidos pela Natália, que embora demonstrasse gentileza, não sabia nenhuma palavra em inglês.

Os longos e estreitos corredores do trem

Existem três classes. Nós optamos pela segunda, chamada kupe, por entendermos que teríamos mais privacidade, pois embora seja para quatro pessoas, as cabines possuem portas, diferentemente da terceira classe onde nem cabines existem.

Se os corredores são estreitos, as cabines não ficam muito atrás. Com duas camas modelo beliche que durante o dia se transformam em sofás, o espaço de circulação dentro delas é mínimo e, normalmente, alguém tem que sair da cabine para o outro entrar.

Tivemos sorte pois na nossa cabine viajou apenas mais uma pessoa - um russo, engenheiro industrial. Além disso, como ele falava inglês razoalvelmente, acabou sendo o nosso intérprete junto à comissária.

A Nay, em seus aposentos

Após 3h30min de viagem fizemos a primeira parada. Com previsão de 37min, ela era a maior de todas, pois as outras seriam de apenas 2min. Aproveitamos para sair um pouco para caminhar e para a Nay relaxar. Quando retornamos, já era praticamente horário de dormir.

No momento em que fechamos a janela e a porta da cabine, esta última sob pressão, aquela sensação de pouco espaço pareceu aumentar de forma exponencial!

A solução foi dormirmos, ou melhor, tentarmos dormir, mesmo com o balanço do trem, se possível até às 8h33min do dia seguinte, que era o horário previsto para o desembarque.

Quando chegamos na estação estávamos exaustos! Além disso, desde a partida, a Nay não estava se sentindo bem, psicologicamente falando. Achamos mais sensato não continuarmos a viagem de trem e, assim, decidimos que iríamos retornar para Moscou, de avião.

Interessante que durante essa nossa viagem ao redor do mundo tem acontecido alguns fatos, os quais, acreditamos, são guiados pela mão de Deus! Um deles foi aqui em Kirov!

Mesmo bastante cansados, pela manhã ainda fomos visitar duas belíssimas igrejas. Inicialmente, a Theodor da Mãe de Deus, uma simpática igreja, construída toda de madeira e tendo como destaque, além da arquitetura, a cor azul na sua parte superior, a qual contrasta com o amarelo das paredes.

Igreja de madeira Theodor, em Kirov

Depois visitamos o Trifonov Monastyr. Quanto a este, já havíamos escutado uma informação, mas tivemos a oportunidade de confirmá-la pessoalmente, de que as torres ainda continuam pretas por falta de orçamento para pintá-las na cor dourada, a qual é predominante nas cúpulas das  igrejas aqui da Rússia.

Trifonov Monastyr, em Kirov

Depois dessas visitas fomos almoçar, indicado por um nativo, em um pequeno restaurante, localizado dentro de um shopping. 

Acesso ao Café Baron Chaihaunsen, em Kirov

Após nossa chegada, enquanto tentávamos algum tipo de comunicação - nós em inglês e os atendentes em russo, fomos gentilmente auxiliados por um jovem chamado Sergey.

Empreendedor na área de publicidade, autor de um livro entitulado Website to millions (Site para milhões), que aborda sobre marketing e internet, ele fala inglês fluentemente e, é claro, russo. 

Após um delicioso almoço no Café Baron Chaihaunsen, sob a direção do Andrew e sua equipe, o jovem disse que teria duas horas disponíveis em sua agenda e, se quiséssemos, ele poderia levar-nos para conhecermos os principais pontos turísticos da cidade. Aceitamos o convite!

Celebrando o encontro com Sergey

O primeiro local que conhecemos foi onde "nasceu" a cidade. Lá, existe uma belíssima igreja rústica, toda construída em madeira. O local que já era especial para Sergey, passou a ser também para nós!

Igreja rústica, no local de origem da cidade

Com uma linda visão do rio Vyatka que atravessa a cidade, o local realmente é fantástico! No entanto, a beleza não é apenas física, mas, principalmente, pela paz que transmite para aqueles que o visitam!

Vista parcial do rio Vyatka que cruza Kirov

Na sequencia, visitamos outros pontos turísticos, entre eles o Diorama Museum Exhibition Center, conhecido popularmente por Diorama, o qual fica localizado dentro do parque da cidade.

Museu Diorama, em Kirov

Outro local lindíssimo que conhecemos foi a Cathedral Kirov Seraphim (Catedral de Serafim de Sarov). Esta pitoresca igreja em estilo art nouveau foi projetada pelo arquiteto provincial Ivan Apollonovich Charushin.

Catedral Serafim de Sarov, em Kirov

No final da tarde, ainda tivemos tempo para desfrutar momentos agradáveis tanto no parque como no centro da cidade, sendo que neste último existe um enorme calhambeque de ferro, todo estilizado.

Passeando, no parque da cidade

De calhambeque, no centro de Kirov

Assim, a visita à Kirov que, a princípio, tinha tudo para ser cansativa e não muito interessante, graças ao Sergey, com seu despreendimento e, porque não dizer, sua espiritualidade, se tornou uma das visitas mais especiais que já fizemos nestes quase seis meses de estrada!

Momentos especiais em Kirov

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