Rússia - Novosibirsk
Chegando à Sibéria
Novosibirsk
Para meu alívio, depois de 55 horas de viagem, pontualmente, às 6h05min, o trem chegou à cidade de Novosibirsk, a capital da Sibéria. Finalmente, eu iria colocar os pés na “famosa” Sibéria, região que ficou mundialmente conhecida por dois motivos:
- Pelos filmes e documentários, quase sempre destacando a fauna e a flora durante o inverno, época em que a temperatura chega aos incríveis -65 graus, como foi o caso da região de Yakutia!
- Pela repressão política, na época da extinta União Soviética, quando cerca de 2,5 mil presos, tidos como inimigos de Estado, foram executados na Fortaleza de Tobolsk, o famoso presídio considerado como o “mais linha dura" de todos do país.
Lembrando que nele, cumpriram pena, alguns famosos, como o escritor russo Fiódor Dostoiévski e o Czar Nicolau Segundo, além, é claro, de outras milhares de vítimas não famosas.
Como tinha feito reserva para o hotel Marins, acionei o meu "velho amigo" Maps.me para localizá-lo. Ajustei-o para o modo "a pé", pois, normalmente, a configuração que utilizamos é para "carro".
Em relação ao hotel, a primeira surpresa foi a localização. Praticamente, em frente à estação de trem. Ainda bem! A segunda, foi o tamanho do hotel. Imenso! Aparentando possuir mais de 20 andares. E realmente, depois de minha hospedagem, constatei que são 23 andares.
Descansei durante a manhã, para atender ao “pedido” do meu corpo e, também, porque estava chovendo muito, o que impossibilitaria de “turistar” e fotografar os principais pontos turísticos da cidade.
À tarde, como a chuva cessou, aproveitei para sair. Novosibirsk foi uma surpresa em relação ao tamanho. Com quase 2 milhões de habitantes, ela é a terceira cidade mais populosa da Rússia, ficando atrás apenas de São Petersburgo e, é claro, de Moscou.
Nas minhas andanças encontrei dois jovens. O Kolya e o Zhenya. Com inglês fluente e muito mais falante, o Kolya se prontificou a mostrar-me os principais pontos turísticos.
Na verdade, muitos deles estão localizados, praticamente, na região central da cidade, onde também está situada a Square Lenina (Praça Lenina ou de Lenin), como queiram.
O primeiro foi o Opera and Ballet Teatro (Teatro de Ópera), considerado o maior teatro de música da Rússia e um orgulho desta região da Sibéria.
Junto, ou melhor, em frente ao teatro, existe uma grande estátua do líder bolchevique Lenin, tendo três estátuas menores em um dos lados: de um operário, de um camponês e de um soldado, representando os símbolos da Revolução Russa, de 1917.
Um detalhe interessante é que, embora o comunismo já não seja tão forte quanto foi no passado, é comum encontrarmos nas cidades russas, estátuas e monumentos imensos, em homenagem aos grandes líderes desse regime.
Um dos pontos turísticos que pretendíamos visitar era a Alexander Nevsky Cathedral (Catedral de Alexander), e foi, em direção a ela que partirmos. Ela foi construída no estilo neo-bizantino, com uma cúpula dourada, em homenagem ao Czar Alexandre III, que foi quem iniciou a construção da ferrovia e da estação ferroviária, além de doar a terra e o dinheiro para o prédio.
Esta catedral foi fechada por Stalin e reaberta na era "glasnost", no governo de Mikhail Gorbatchov.
Um detalhe interessante é que, durante toda a caminhada, o amigo de Kolya praticamente não falava. O responsável por toda a “oratória” era o Kolya.
Estudante de Direito, ficou perceptível, pelo menos no meu entendimento, o seu descontentamento com o regime político da Rússia e ao “culto exarcebado” da população, em relação aos antigos líderes do comunismo.
Na sequência, antes de chegarmos na catedral, passamos por um lindo prédio, todo envidraçado, onde funcionam várias lojas comerciais.
O prédio se destaca pela arquitetura diferenciada, pois, a maioria dos prédios russos das cidades em que passamos, possui um padrão quase definido, ou seja, são imensos, mas são quadrados.
Após retornarmos da visita à catedral, agradeci a gentileza deles e nos despedimos. Na sequencia, ainda visitei dois locais, os quais achei interessantes. O primeiro deles foi um parque, o qual não consegui identificar o nome.
Lá existe um "Relógio de Flores", muito lindo. Para quem já visitou Viñas del Mar, no Chile, provavelmente, teve a oportunidade de conhecer, naquela cidade, um relógio idêntico a este.
O segundo, foi o Novosibirsk Globus Theatre (Teatro Globus Novosibirsk), um prédio muito lindo que foi o primeiro teatro estacionário, ou seja, fixo da cidade. Não podemos esquecer que, antigamente, a maioria dos teatros começavam como uma escola e depois se transformavam em companhias de viagens, portanto, não se fixavam em nenhum local.
No final da tarde retornei ao hotel, pois no dia seguinte continuaria a segunda parte da viagem, desta vez, tendo como destino à cidade de Irkutsk, a capital da Sibéria Oriental.
À noite, no alto dos "meus 20 andares", aproveitei para fotografar a belíssima Novosibirsk - Glavny (Estação Principal de Novosibirsk), a maior estação de trem, a leste dos Montes Urais.
No outro dia, cedo, lá estava eu, de novo na estação. Por falar em estação, não é apenas o exterior dela que é linda. O interior, também! Com enormes lustres no teto, ele até parece um daqueles salões de festas famosos dos museus que visitamos!
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